Possíveis aplicações e áreas de estudo
Esquizofrenia
Uma das áreas de estudo da psilocibina foca-se na comparação dos efeitos alucinogénicos com sintomas verificados em alguns quadros psicóticos, surgindo aqui um interesse renovado no sentido de fazer desta substância um modelo de estudo para alguns traços psicológicos caraterísticos de certos quadros psicóticos. É o caso da esquizofrenia. Em diversos estudos acerca dos efeitos psicológicos da psilocibina foi demonstrada a capacidade que esta substância tem de induzir estados psicóticos que de alguma forma mimetizam certos sintomas em tudo semelhantes às crises agudas da esquizofrenia. Apesar destes estudos não estabelecerem uma relação causal entre o consumo de psilocibina e doenças psiquiátricas, o possível papel dos alucinogénios na exacerbação de quadros psicóticos deverá ser explorada.
Importa ainda dizer que apesar desta relação causal não estar estabelecida, já se percebeu que doentes psiquiátricos e indivíduos genericamente mais suscetíveis com história familiar, devem se abster por completo do consumo desta droga recreativa, sob pena de verem o seu quadro clinico agravar-se consideravelmente.[3],[5]
∙ Depressão
Como já foi referido, os efeitos psicológicos e as alterações de comportamento de indivíduos sob o efeito de psilocibina são mediados pela ligação desta aos recetores da serotonina. Com base neste fato, há estudos que sugerem que a psilocibina possa ter efeitos antidepressivos, exatamente pela sua ação ao nível dos recetores 5-HT2A. O que se percebe é que o efeito psicológico, difícil de definir e sempre subjetivo, existe, e de alguma forma induz profundas alterações na forma como o indivíduo encara a dor e apatia que sente, reduzindo a sua ansiedade, e a o limiar de dor. A exploração desta possível descoberta tem implicações não só a nível do conhecimento do quadro fisiopatológico da depressão, bem como ao nível do conhecimento da forma como eventualmente esta substância exerce o referido efeito antidepressivo.[4]
Psilocibina
Psilocibina
Os estudos feitos às substâncias alucinogénias vai muito para além do interesse em perceber as consequências do seu uso recreativo. Há verdadeiras promessas dentro deste grupo de substâncias, inclusive a psilocibina. Os estudos efetuados em humanos e modelos animais demonstraram que, apesar de muitos dos efeitos provocados pelo consumo desta substância serem hoje amplamente conhecidos e compreendidos, há ainda assim um contínuo processo de aprendizagem a ser feito acerca dela, nomeadamente no que diz respeito às suas possíveis aplicações na terapêutica. No entanto, é preciso ter sempre presente que há uma limitação enorme a este nível, que é a falta de informação acerca de potênciais efeitos secundários que possam surgir, e daí que o seu uso terapêutico seja controverso e suscite algumas reservas. Ainda assim vejamos a que níveis este composto apresenta algum potencial…
∙ Cancro
Existem estudos recentes que exploram a possibilidade da psilocibina poder ter o potencial de aliviar o sofrimento psicológico associado a pacientes oncológicos em estados terminais. Os resultados preliminares indicam que baixas doses de psilocibina podem efetivamente melhorar o humor, e reduzir a ansiedade destes doentes que vivem na sombra da incerteza de quantos mais dias de vida lhes restarão, sendo que os efeitos e as melhorias poderão durar duas a seis semanas. No entanto, tudo isto é ainda embrionário, e muito trabalho tem que ser feito no sentido de se compreender melhor de que forma é que isto se processa, e quiçá caminhar no sentido de tornar este cenário numa realidade clínica.[1],[2]
Bibliografia
[1] Vollenweider et al. The neurobiology of psychedelic drugs: implications for the treatment of mood disorders. Nature Reviews Neuroscience (2010) 11, 642-651
[2] Grob et al. Pilot Study of Psilocybin Treatment for Anxiety in Patients With Advanced-Stage Cancer. Archives of General Psychiatry (2011). 1(68): 71-78
[3] Johnson et al. Human Hallucinogen Research: Guidelines for Safety. The Journal of Psychopharmacology. (2008). 22 (6): 603–620
[4] Kometer et al. Psilocybin Biases Facial Recognition, Goal-Directed Behavior, and Mood State Toward Positive Relative to Negative Emotions Through Different Serotonergic Subreceptors. Biological Psychiatry (2012) (article in press)
[5] van Amsterdam et al. Harm potential of magic mushroom use: A review. Regulatory Toxicology and Pharmacology (2011). 59 (3), 423–429

A psilocibina poderá apresentar efeito antidepressivo devido ao seu mecanismo de ação

É possível que a psilocibina tenha mais aplicações além do seu habitual uso recreativo
"The passionate desire which leads man to fly from the monotony of everyday life has instinctively made him
discover strange substances... the most powerful of these are products of the vegetable kingdom, into whose
silent growth and creative abundance man has not yet fully penetrated. They lead us on the one hand into
the darkest depths of mental instability and physical misery and on the other to hours of happiness
and a tranquil state of mind." - Louis Lewin
Carla Abreu │Diva Silva │ Maria Inês Sousa
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