top of page

Um pouco de história...

Ocorrência

  Pensa-se que na Europa existam cerca de 2000 a 1,5 milhões de espécies de cogumelos a crescer espontaneamente dos quais menos de 100 estão identificados como sendo tóxicos. Apesar de a ingestão de fungos tóxicos ser primariamente acidental o consumo de cogumelos com propriedades psicoativas não segue esta tendência já que os mesmos são objeto de procura por parte de consumidores de drogas recreativas. [5]​​
 

  Na sua totalidade estes fungos apresentam uma distribuição global e o seu consumo permanece legal em alguns países tendo esta facilidade de acesso contribuído para a crescente popularidade da psilocibina. Existem, aliás, kits próprios para a cultura destes fungos que podem ser adquiridos via Internet, e vários países europeus facultam a sua venda em “smart shops”. [6]

  A psilocibina está presente em 4 géneros da família Agaricaceae: Psilocybe, Stropharia, Conocybe e Panaeolus. Pode ainda ser encontrada no género Copelandia na Tailândia [1]. ​Entre as espécies mais populares destacam-se a Psilocybe cubensis, P. mexicana, P. azurescens, P. cyanescens, P. caerulescans, P. semperviva, P. mazatecorum, P. zapotecorum, P. Aztecorum, Panaeolus cyanescens…

Distribuição original de Psilocybe cyanescens

Distribuição original de Psilocybe cubensis

  O uso de substâncias naturais com propriedades alucinogénicas é percetível ao longo de toda a história. A sua capacidade de induzir visões, estados de êxtase e, no geral, de originar alterações da consciência levou diversas culturas a considerarem este tipo de substâncias como tendo propriedades místicas, sendo frequentemente usadas em diversos rituais religiosos e de cura.

  Só em plena década de 50 se verificou a “redescoberta” destes cogumelos, o que aconteceu devido à participação de Valentina e Robert G. Wasson em cerimónias de tribos mexicanas que ainda os usavam. Estes foram responsáveis pela divulgação dos cogumelos, não só dos seus efeitos como também a forma como eram consumidos. [3]

  A utilização de espécies de cogumelos com este tipo de propriedades remonta à civilização Maia, facto constatado pela descoberta de pequenas esculturas de cogumelos em locais arqueológicos. O seu uso continuou a ser relativamente vulgar em algumas civilizações pré-columbianas, em especial pelos Astecas que designaram os cogumelos contendo psilocibina como “Teonanácatl” (da junção teo=sagrado e nanácatl=cogumelo) ou "carne dos deuses"

 A primeira descrição do seu uso e propriedades foi feita pelo monge franciscano Bernardino de Sahagún no séc. XVI, os quais ficaram registados no seu livro Historia General de las Cosas de Nueva Espana, comummente conhecido como The Florentine Codex. [1],[2]

Estatuetas maias representativas de cogumelos (1000-300 AC)

  Além disso, os Wasson foram capazes de obter espécimes os quais cederam ao micologista francês Roger Heim que os cultivou e definiu como pertencentes ao género Psilocybe em 1957 [3]. No entanto, foi Albert Hofmann, primariamente conhecido pela descoberta do LSD, que nesse mesmo ano foi capaz de extrair pela primeira vez a substância presente, a qual identificou como 4-fosforiloxi-N,N-dimetiltriptamina. No ano seguinte, após a sua síntese química, Hofmann nomeou esta substância de psilocibina.[4]

"The mushrooms may be gathered by anyone at any hour. Often on kneeling to gather one up, the gatherer utters a prayer of thanks for the divine gift. The mushrooms are placed in a jicara, or gourd bowl, and taken to the church. The mushrooms are placed on the high altar, prayers are said, and copal incense is burned. The mushrooms are taken to the house where the session is to be held, perhaps the home of a sick person. The sick person eats the mushrooms, not a curandero: here is the basic difference from the Mazatec practice. If a lost or stolen object is sought, then the suppliant eats the mushroom in the presence of a close member of his family, all others keeping away. The witness is present to give ear to the words of the eater, as he begins to talk under the influence of the inebriating mushrooms. Furthermore, the mushrooms will not render service if he who eats them has said or thought disrespectful things about them, and if he guilty of this sin, then the mushrooms cause him to see horrible visions of snakes and such like".

Ilustração do uso de cogumelos em The Florentine Codex

Carta de Wasson para Borhegyi, Borhegyi Archives, MPM.

Bibliografia

[1] Vetulani, J. Drug addiction. Part1. Psychoactive substances in the past and presence. Polish Journal of pharmacology (2001). 33: 201-214

[2] Isbell, H. Comparison of the Reactions Induced by Psilocybin and LSD-25 in Man. Psychopharmacology (1959). 1 (1): 29-38
[3] W.G. Psilocybin, its history and pharmacology. Canadian Medical Association Journal (1960). 82 (18): 936
[4] Passie et al. The pharmacology of psilocybin. Addiction Biology (2002) .7 (4): 357–364

[5] Schenk-Jaeger et al. Mushroom poisoning: A study on circumstances of exposure and patterns of toxicity. European Journal of Internal Medicine (2012) 23 (4): e85–91

[6] Hasler, F; Bourquin, D; Brenneisen, R; Vollenweider, Fx. Renal excretion profiles of psilocin following oral administration of psilocybin: a controlled study in man. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis.(2002). 30 (2): 331–339

[7]EMCDDA Thematic Papers —Hallucinogenic mushrooms: an emerging trend case study. (2006). European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction​
 

  Segundo estudos das autoridades alemãs as espécies de “cogumelos mágicos” mais frequentes no país, e possivelmente na Europa, são a Psilocybe cubensis, seguida da Psilocybe semilanceata, Panaeolus cyanescens e, por último, a Psilocybe tampanensis. [1]

  Apesar da Psilocybe semilanceata, comummente designada Liberty cap ser autótone do território Europeu, o mesmo não acontece com os espécimes de Psilocybe cubensis, pelo que a dessiminação do seu consumo entre os europeus denota precisamente a facilidade de acesso aos cogumelos via Internet.

  Outras espécies frequentes no território europeu são a Psilocybe cyanescens, Psilocybe bohemica e Psilocybe moravica. [7]

Distribuição original de Panaeolus cyanescens

​​Psilocibina

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP)

Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião do Laboratório de Toxicologia da FFUP

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano letivo 2011/2012

Psilocibina

"The passionate desire which leads man to fly from the monotony of everyday life has instinctively made him
discover strange substances... the most powerful of these are products of the vegetable kingdom, into whose
silent growth and creative abundance man has not yet fully penetrated. They lead us on the one hand into
the darkest depths of mental instability and physical misery and on the other to hours of happiness

and a tranquil state of mind." Louis Lewin

Carla Abreu │Diva Silva │ Maria Inês Sousa

micf08097@ff.up.pt | micf08060@ff.up.pt  | micf08200@ff.up.pt

bottom of page